CARLOS PERTUIS
Carlos
nasceu no Rio de Janeiro, em 1910. De estrutura física frágil,
psicologicamente imaturo, era muito apegado à mãe.
Uma natureza sensível e religiosa. Tinha instrução
primária, gostava de ler. Com a morte do pai, deixou de estudar
e foi trabalhar numa fábrica de sapatos.
Certa manhã, raios de sol incidiram sobre um pequeno espelho
de seu quarto: o brilho extraordinário deslumbrou-o, e surgiu
diante de seus olhos numa visão cósmica - "O
Planetário de Deus" -, segundo suas palavras. Gritou,
chamou a família, queria que todos vissem também aquela
maravilha que ele estava vendo.
Foi internado no mesmo dia no Hospital da Praia Vermelha, em setembro
de 1939. Em 1946, começou a freqüentar o ateliê
da Seção de Terapêutica Ocupacional, trazido
por Almir Mavignier, que soube que ele guardava em caixas de sapatos
na enfermaria os desenhos que fazia.
A visão do "Planetário de Deus" ficou para
sempre gravada. Logo que teve oportunidade de pintar, oito anos
depois da incandescente visão, Carlos, movido por forte necessidade
interna, tentou representá-la sobre o papel com os meios
precários de que dispunha, ele, um sapateiro que nunca havia
pintado. O centro da imagem é uma flor de couro, símbolo
do sol e da divindade. A visão de Carlos é uma espantosa
mandala macrocósmica, uma imagem do universo.
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