"Emygdio de Barros é talvez o único gênio
da pintura brasileira. Um gênio não é pior nem
melhor que ninguém. Com respeito a ele não há
termo de comparação: um gênio é uma solidão
fulgurante, ultrapassa as medidas e as categorias. Não é
possível defini-lo em função de escolas artísticas,
vanguardas, estilos, metiê. Com relação a Emygdio
podemos afirmar que raramente alguma obra pictórica foi capaz
de nos transmitir a sensação de deslumbramento que
recebemos de seus quadros.
A pintura de Emygdio não reflete a experiência humana
no nível da sociedade e da história. A ruptura com
o mundo objetivo precipitou-o numa aventura abismal, em que o espírito
parece quase perder-se na matéria do corpo, afundar-se no
seu magma. E é daí, desse caos primordial, que ele
regressa, trazendo à superfície onde habitamos, com
suas imagens fosforescentes, os ecos de uma história outra,
que é também do homem, mas que só a uns poucos
é dado viver."
Ferreira
Gullar
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